quarta-feira, 13 de junho de 2012

os 18 anos...

É estranho pensar em como esperamos a vida toda para chegar até aqui, porque sempre pensamos como será, que mal podemos esperar e é a melhor coisa que nos pode acontecer e, afinal, estar tão perto torna-se simplesmente isso … estranho. Um tiro no escuro. Uma carrada de sonhos que é deixada para trás, um “deixar” objetivos a meio, um turbilhão de sensações e o vazio. Daquilo que fica. Porque nada será como antes… é este o momento em que pensamos, não no que será daqui para a frente, mas o que seria se voltássemos atrás. Se nascêssemos outra vez e víssemos o sorriso de boas-vindas dos nossos pais, que “mal podiam esperar” que chegássemos. Apenas se ouvíssemos o bater do nosso coração e fosse a batida mais maravilhosa do mundo, sem precisarmos de conhecer, de descobrir, de ouvir e de ver tudo o resto. Tudo o resto que agora parece simples e comum. Sempre a mesma coisa. 
Aquilo pelo qual passámos, birras por um brinquedo, amuos por uma palavra mais bruta, choros desesperados pela demora de “qualquer coisa” insignificante, fazem rir agora. Faz-nos pensar em como não percebíamos nada de nada, não nos preocupávamos com nada, porque não tínhamos de decidir nem escolher nada… Eramos o que eramos. Se não tínhamos aquilo que queríamos, fazíamos birra. Se tínhamos, passado um tempo já não interessava. Porque havia sempre alguma coisa melhor. E agora? Agora que não podemos esperar que apareça alguma coisa melhor?

E depois, com o passar do tempo, começam as mudanças. O início daquilo que vamos ser, a formação de uma personalidade. Onde passámos por todas as situações, onde fomos inconstantes, onde fomos uns incompreendidos. Foi aí que passámos pelo egoísmo, pela futilidade, pelos desgostos que parecem ser o fim do mundo, pelas palavras que doem e por muitas coisas más. Que alguns aprendem e melhoram, outros mantêm. É isso que nos faz diferentes uns dos outros. Que nos torna únicos.

Todos os defeitos e qualidades das pessoas que passaram na nossa vida, ajudaram naquilo que fomos, ajudam-nos a ser quem somos. Todos os desvios, todas as influências, todas as regras quebradas, todas as inseguranças, todas a certezas, todos os “maus caminhos” e os “caminhos certos” fizeram-nos originais. Fizeram-nos completos. Sem nos dizerem onde ir, como ir e porquê. E é nisso que estamos agora, onde ninguém nos pode dizer o que fazer. 
Onde nos apresentamos, com toda a nossa maturidade, para escolhermos aquilo que vamos seguir. Para o resto das nossas vidas. 
Não há tempo para pensar no presente, algo que sempre fizemos. Não há oportunidades, há A oportunidade e as consequências que vêm com ela. Se a desperdiças há alguém que a aproveita, se a aproveitas não há tempo (nem paciência) para ver se havia algo melhor.
Dito assim até parece mau, mas a verdade é que até nem é… é só algo novo. E tudo o que é novidade, por muito que queiramos mostrar o contrário, assusta e faz-nos pensar, no meu caso, em tudo o que nos levou até aqui. Se aqui é onde devemos estar, se é para ali que devemos ir. Faz-nos pensar naquilo que somos, naquilo que devíamos ter sido, naquilo que queremos ser. E tudo isto parece tão perto que nos esquecemos que ainda temos tanta coisa para descobrir e para construir. 
Agora penso que quero deixar-me de expressões como “é a vida”, “no meu tempo era…”, “quem me dera voltar atrás”, “não devia … devia”, “não quis fazer … queria ter feito”. Porque por muito que saiba que nada voltará a ser como antes, há algo que me encaminha a seguir em frente, a remar contra a corrente que quer levar-me para onde já estive, algo que me faz querer deixar o passado exatamente onde está e exatamente como está. Porque para a frente é o caminho …
Mas um dia vais deixar de querer remar contra a corrente. 
“Quando esse dia chegar, não lhe fales. Mantém-te original!”
Ana Pinto

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