quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A tentar desfazer-me de ti

Ontem foi mais uma que não soube pela tua boca.
Cada vez me apercebo mais do quão burra fui por te ajudar quando devia e não devia, por ter estado ao teu lado sempre, mesmo quando sofria…
Olhando para traz agora, embora já tivesse passado tempo mais que suficiente para eu ter percebido isso, cada vez essa confirmação torna-se menos desfocada e mais, mas mesmo mais, carregada como se tivessem escrito isso muitas vezes por cima, primeiro a lápis, depois a caneta que já esta gasta e sucessivamente até chegar a um grande marcador permanente. Mas o dia que vai ser sublinhado com um marcador florescente, ainda está para vir.
Desiludes-me mesmo tendo eu me afastado de ti. Lembro-me de quando eu era relativamente pequena mas já a crescer de ouvir as pessoas dizerem-me “nunca sairás do meu coração”, “nunca te vou esquecer”, “vou adorar-te para sempre”, “estarás sempre no meu coração”, “ vamos ser amigos para sempre”, “és aquela pessoa que eu vou lembrar-me sempre”, “quero-te ter para sempre” (…), tudo isto, para eu agora dizer, que não passam de meras coisas do momento…mas tu és diferente…
Por tu não saíres do meu coração, por não te esquecer, por eu ainda gostar te ti, por estares sempre aqui dentro, por eu te ter sempre, é que me fazes sentir mal.
NÃO QUERO ISTO!
Hoje apaguei parte de nós, parte de um passado simplesmente espectacular, eliminei 96 coisas que me fizeram rir, sorrir, que fizeram os meus olhos brilhar, me fizeram sentir coisas que nunca ninguém me tinha feito sentir antes, coisas que me fizeram chorar e ter muita raiva.
Protegeste-me de mais. E embora isso tenha servido de desculpa para muita coisa, não faz sentido continuar a servir. Gostava de saber o porquê das tuas reacções, falsas e verdadeiras… Gostava de perceber porque ainda existes e, já não és o “tu” que um dia foste…
Quando as pessoas são verdadeiramente importantes, não são só importantes um dia, são uma vida. Se dizias sentir que eu era a mais importante, nunca devias ter-te esquecido disso, ou pelo menos às vezes…
Não sinto saudades tuas, embora sinta que devia sentir. “Foste,  és e serás sempre  importante.”
Fazes parte de um passado que eu um dia sonhei que ia ser sempre presente.
É bom relembrar um passado ilusório para não ser tão mau lembrar-me deste presente.
Conseguiste fazer com que eu esquecesse de algumas coisas boas e eu não quero que um dia me faças lembrar das más.
(20.11.2010)

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